ARTÍCULO
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Preservação digital: entre a memória e a história

Maria de Fátima Duarte Tavares    

Resumen

A temática da preservação digital emerge da própria dominância do meio eletrônico e de sua transversalidade nas práticas cotidianas e em todas as dimensões da vida. Atualmente, e diferente das demais políticas de preservação da memória, a ênfase é colocada nas tecnologias de suporte e nas suas possiblidades de reprodução indiferenciada. Duas vertentes de preservação estão em debate, a que remete ao uso das tecnologias digitais para preservar e disseminar conteúdos originariamente contidos em suportes materiais, portanto tratados como documentos, e a segunda que se reporta à profusa produção de informação digital elaborada em sistemas informatizados, em computadores pessoais ou dispositivos móveis, que será irrecuperável no futuro diante da própria obsolescência tecnológica dos meios em que a informação foi gerada. Nos dois enfoques, ressalta-se o papel das instituições públicas e privadas assegurando a preservação da memória em meios digitais, em um contexto de apropriação dispersa dos conteúdos localmente produzidos e de redefinição dos padrões, valores e ordenamentos socioculturais que no passado vinculavam memória e identidade. Observamos que os usos possíveis de informações depositadas em bases de dados de instituições de memória extrapolam as perspectivas de sua utilização restrita como documentos pertencentes ao passado, já que podem dar margem a novas interpretações e, por vezes, redirecionar processos no longo prazo.