Decomposição foliar visando ao monitoramento de áreas em processo de restauração ecológica no Mato Grosso do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509839096

Palavras-chave:

Litterbags, Resíduos vegetais, Perda de massa, Indicador de funcionalidade

Resumo

O processo de decomposição auxilia no equilíbrio e funcionamento dos ecossistemas florestais por meio da liberação de nutrientes para o sustento das plantas. O objetivo foi avaliar a decomposição foliar como indicador de funcionalidade em três áreas restauradas por plantio de mudas com mais de dez anos, no Mato Grosso do Sul. O estudo foi realizado em 2017, nos municípios de Ivinhema, 13 anos após o plantio (IV-13); Jateí, com 14 anos de plantio (JA-14); e Caarapó, com 17 anos de plantio (CA-17). Folhas recém-caídas foram coletadas, secas em estufa a 65ºC, pesadas em porções de 10 gramas e colocadas em sacos de decomposição (litterbags), distribuídos aleatoriamente sobre o piso florestal das áreas. Para avaliar a perda da biomassa seca, foram retirados 10 litterbags aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após instalação. Foram estimados o percentual de massa remanescente, a taxa de decomposição (k), o tempo de meia-vida (t ½) e a correlação de Pearson (r) entre a massa remanescente e a precipitação e temperatura. A (k) no período de 180 dias para CA-17 foi de 0,004 g g-1 dia-1 e 0,003 g g-1 dia-1 para IV-13 e JA-14, já o (t ½) foi de 269,49 dias para IV-13, 218,29 para JA-14 e 194,89 dias para CA-17. A (r) foi fraca para todas as áreas e variáveis, exceto IV-13 que obteve (r) moderada para a precipitação. A idade dos plantios não é determinante, a decomposição é regida principalmente pelas características internas e externas das áreas. O indicador foi eficiente na compreensão das taxas de decomposição, constatando perda de massa foliar mais acelerada para CA-17 e JA-14, o que pode resultar na mais rápida liberação de nutrientes para o solo e retorno à vegetação. Recomenda-se a utilização de indicadores complementares para compreensão holística da dinâmica de ecossistemas em restauração.

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Biografia do Autor

Caroline Quinhones Fróes, Prefeitura Municipal de Ponta Porã, Ponta Porã, MS

Gestora Ambiental, Dra., Gerente Socioambiental da Unidade de Execução do Programa, Prefeitura Municipal de Ponta Porã, R. Guia Lopes, 663, Centro, CEP 79904-654, Ponta Porã (MS), Brasil.

Shaline Séfara Lopes Fernandes, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Cassilândia, MS

Agrônoma, Dra., Professora do Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rodovia MS 306 - km 6,4 - Zona Rural,  CEP 79540-000, Cassilândia (MS), Brasil.

Mário Soares Junglos, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Biólogo, Me., Doutorando em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade Federal da Grande Dourados, Rodovia Dourados/Itahum, Km 12 - Unidade II, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

Poliana Ferreira da Costa, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Coxim, MS

Tecnóloga em Gestão Ambiental, Dra., Professora na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, R. Gen. Mendes de Morais, 370 - Jardim Aeroporto, CEP 79400-000, Coxim (MS), Brasil.

Jósimo Diego Bazanella Linê, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Gestor Ambiental, Me., Universidade Federal da Grande Dourados, Rodovia Dourados/Itahum, Km 12, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

Zefa Valdivina Pereira, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Bióloga, Dra., Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Rodovia Dourados/Itahum, Km 12 - Unidade II, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

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Publicado

06-09-2021

Como Citar

Fróes, C. Q., Fernandes, S. S. L., Junglos, M. S., Costa, P. F. da, Linê, J. D. B., & Pereira, Z. V. (2021). Decomposição foliar visando ao monitoramento de áreas em processo de restauração ecológica no Mato Grosso do Sul. Ciência Florestal, 31(3), 1323–1343. https://doi.org/10.5902/1980509839096

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