Hospedabilidade de plantas do Bioma Cerrado a <i>Meloidogyne</i> spp.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509837118

Palavras-chave:

Nematoide das galhas, Savana brasileira, Plantas nativas, Plantas hospedeiras

Resumo

Dentre os biomas brasileiros, o Cerrado é o segundo em extensão territorial e em diversidade de espécies vegetais e animais. A biodiversidade do Cerrado tem sido estudada no que tange a sua flora e fauna, carecendo de dados de microorganismos representantes da microfauna, a exemplo dos nematoides de galhas radiculares. Meloidogyne spp. são nematoides endoparasitas sedentários de plantas. A sua presença em solo de áreas com vegetação nativa de cerrado, sob preservação, é um forte indício de que a sua permanência ocorre devido ao parasitismo de plantas nativas. Este trabalho objetivou estudar a hospedabilidade de plantas ocorrentes no bioma cerrado a Meloidogyne spp. Foram selecionadas trinta e cinco espécies vegetais desse bioma, incluindo espécies gramíneas e arbóreas, para estudo da hospedabilidade frente a três isolados de Meloidogyne coletados em área nativa de cerrado sob preservação (Meloidogyne incognita, Meloidogyne javanica e Meloidogyne morocciensis), além de uma espécie até então exótica ao cerrado (Meloidogyne paranaensis). Foram inoculados 5.000 ovos e eventuais juvenis de segundo estádio (J2) de cada espécie de nematoide por planta. Os experimentos foram conduzidos com 35 tratamentos (plantas nativas) e 5 repetições, tendo sido repetidos no tempo. As variáveis avaliadas foram índice de galhas e de massas de ovos, ovos e J2 por grama de raiz e fator de reprodução, além da sintomatologia causada pelos nematoides nas raízes. As seguintes espécies vegetais foram consideradas hospedeiras, com média do Fator de Reprodução (FR)>1,0: Triplaris gardneriana para Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Meloidogyne morocciensis; Andropogon bicornis para Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita e Copaifera langsdorffii para Meloidogyne incognita. As seguintes espécies vegetais foram classificadas como hospedeiras potenciais, com FR>1,0 para pelo menos uma das repetições: Copaifera langsdorffii para Meloidogyne morocciensis; Esenbeckia leiocarpa para Meloidogyne javanica e Guibourtia hymenifolia para Meloidogyne incognita. As demais espécies vegetais foram classificadas como não hospedeiras para as condições deste estudo. As plantas inoculadas apresentaram sintomas variados nas raízes como a presença de galhas associadas a massas de ovos, formação de massas de ovos sem galhas, rachaduras com massas de ovos e ausência de galhas e intumescimento com massas de ovos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Reinaldo Rodrigues Pimentel, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Possui graduação em AGRONOMIA pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em TECNOLOGIA EM GESTÃO DE AGRONEGÓCIOS pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) e em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Fez mestrado na área de concentração de FITOPATOLOGIA (área específica de FITONEMATOLOGIA) na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Doutorado no Departamento de Fitopatologia pela Universidade de Brasília com pesquisas nas áreas de prospecção de extratos vegetais no controle de fitonematoides, avaliação de plantas de Cerrado quanto à hospedabilidade a espécies de Meloidogyne e análise transcritômica. Atuou em projeto, junto à EMBRAPA CENARGEN, com pesquisa associada à prospecção de compostos bioativos com atividade nematotóxica sobre fitonematoides. Atualmente é servidor da Universidade de Brasília (UnB).

Ramon Lira Anjos, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Tem experiência em Nematologia Vegetal, tendo desenvolvido pesquisas no Laboratório de Nematologia da Universidade de Brasília (UnB). Foi Presidente por 2 anos e Diretor de Marketing por 6 meses na Ager - Consultoria Agronômica (Empresa Júnior de Agronomia da UnB). Pesquisa na área de interação de plantas nativas do cerrado com nematoides do gênero Meloidogyne. Experiência na área de administração de materiais. Experiência em extensão rural (Emater- DF). Trabalhou como bolsista do Programa de Extensão do CNPq na área de Agroecologia na Extensão Rural no Centro Vocacional em Agroecologia e Agricultura Orgânica da UnB (CVTAAO-UnB) junto à Emater-DF. É mestre em Fitopatologia pela Universidade de Brasília (UnB), com dissertação intitulada "Reação de espécies vegetais de uso medicinal ao nematoide das galhas".

Adriana Andrade Ferreira, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF

Bacharel em Biomedicina pela Faculdade Anhanguera de Brasília (2014) e Mestrado no programa de Pós-Graduação de Fitopatologia (2018) pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente participa de trabalhos científicos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a empresa Carbom Brasil, ME-LTDA.

Gisele Pereira Domiciano, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Possuo graduação em Agronomia (2005) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Mestrado (2008) e Doutorado (2011) pelo Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia (Conceito 7 CAPES) da UFV. Minha linha de pesquisa centra-se no estudo de mecanismos de defesa das plantas à infecção por fitopatógenos, tanto em nível microscópico, quanto em níveis bioquímicos e molecular. Paralelamente venho estudando as alterações fisiológicas desencadeadas pelo processos de infecção, principalmente alterações em processos de trocas gasosas, no metabolismo anti-oxidativo e no balanço nutricional. Nos últimos anos venho atuando como Colaboradora junto a Embrapa Agroenergia (Brasília - DF). Neste centro, no período de 2011 a 2016, atuei como pesquisadora (pós-doutorado) em projetos em rede financiados pelo sistema MCTI/FINEP/CNPq, como o PROPALMA - Pesquisa Desenvolvimento e inovação (PD&I) em palmáceas para a produção de óleo e aproveitamento econômico de co-produtos e resíduos e BRJATROPHA - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em pinhão manso (Jatropha curcas L.) para produção de biodiesel. Atuei ainda no âmbito de projetos internacionais financiados pelo sistema EU-FP7 (Jatropha curcas: Applied and Technological Researcher on Plant Traits - JATROPT) e MKTPlace (Regulation of the flowering of Jatropha curcas to improve the sustainability of biofuel feedstock production by farmers in Latin America and the Caribbean Report). Mais recentemente venho atuando como pesquisadora/consultora no projeto JATROGEN - Estratégias quantitativas e biotecnológicas no melhoramento genético de pinhão-manso para a produção de biodiesel, financiado pelo MCTI/CNPq, desenvolvendo protocolos de regeneração in vitro e transformação de plantas de Jatropha e transformação genética de Nicotiana tabacum e soja. Atua como revisora de periódicos científicos nacionais e internacionais e como consultora de agências de fomento científico no Brasil.

Regina Célia Oliveira, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF - 1992), mestrado e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP - 2005) e pós-doutorado no Royal Botanic Gardens Kew (KEW GARDENS - 2014). Atualmente, é professor Associado da Universidade de Brasília (UnB) onde orienta no Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Botânica. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: Paspalum, Mesosetum, Poaceae, Gramineae, Banisteriopsis, Malpighiaceae, número cromossômico,meiose, anatomia, Cerrado e Caatinga. Atualmente vem se envolvendo com trabalhos etnobotânicos. É curadora do Herbário UB e Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Botânica da UnB. Bolsista produtividade 2 do CNPq.

Cleber Furlanetto, Universidade de Brasília, Brasília, DF

Graduação em Engenharia Agronomica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1990), mestrado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília (1995) e doutorado em Environmental and Evolutionary Biology pela Glasgow University (2004). Atuou como professor de Fitopatologia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná de 1997 a 2009, tendo ministrado as disciplinas Fitopatologia Básica, Microbiologia Agrícola e Fitopatologia Aplicada I e II para estudantes de graduação, além das disciplinas Métodos em Fitopatologia e Biotecnologia de Microorganismos para estudantes de pós-graduação. Atualmente é Professor Adjunto IV da Universidade de Brasília (UnB), desenvolvendo pesquisas nas seguintes linhas: Controle biológico e alternativo de nematoides, Resistência de plantas a nematoides, mecanismos de interação nematoide-planta e nematologia florestal. Orientador de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia da Universidade de Brasília. 

Referências

ABAD, P.; GOUZY J.; AURY, J. M.; CASTAGNONE-SERENO, P. et al. Genome sequence of the metazoan plant-parasitic nematode Meloidogyne incognita. Nature Biotechnology, Reino Unido, v. 26, p. 909-915. 2008.

ALONSO, S. K.; ALFENAS, A. C. Isoenzimas na taxonomia e na genética de fitonematoides. In: Eletroforese de isoenzimas e proteínas afins, fundamentos e aplicações em plantas e microorganismos, Alfenas AC (Ed). Viçosa, UFV, 1998. 574 p.

ALONSO, S. K.; SANTOS, J. M.; ALFENAS, A. C. FERRAZ, S. Patogênese de Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood ao Ipê-Amarelo, Tabebuia serratifolia Nichous. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 23, p. 479-485. 1999.

ANTES, V. A.; COMERLATO, A. P.; SCHUELTER A. R.; CARNEIRO, R. M. D. G.; FURTANETTO, C. Native-plant hosts of Meloidogyne spp. from Western Paraná, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba-PR, v. 55, p.213-219.2012.

CAFÉ-FILHO, A. C.; HUANG, C. S. Nematóides do gênero Pratylenchus no Brasil. Fitopatologia Brasileira, Brasília-DF, v. 13, p. 232-235, 1988.

DICKSON, D. W.; STRUBLE, F. B. A sieving-staining technique for extraction of egg mass of Meloidogyne incognita from soil. Phytopathology, United States, v. 55, p. 497, 1965.

ESBENSHADE, P.R. & TRIANTAPHYLLOU, A.C. Use of enzyme phenotypes for identification of Meloidogyne species (Nematoda: Tylenchida). Journal of Nematology, United States, v. 17, p. 6-20, 1985.

ESBENSHADE, P.R. & TRIANTAPHYLLOU, A.C. Isozyme phenotypes for the identification of Meloidogyne species. Journal of Nematology, United States, v. 22, p. 10-15, 1990.

FERREIRA, F. A. Doenças florestais no Brasil causadas por nematoides, bactérias, vírus, viróides, micoplasmas e espiroplasmas. In: Ferreira A, editor. Patologia Florestal. Viçosa: UFV, 1989, 570 p.

HUSSEY R. S.; BARKER, K. R. A comparison of methods colleting inocula of Meloidogyne spp. including a new technique. Plant Disease Reporter, United States, v. 57, p. 1025-1028, 1973.

IMAÑA-ENCINAS, J.; MACEDO, L. A.; PAULA, J. E. Florística e fitossociologia de um trecho da floresta estacional semidecidual na área do ecomuseu do cerrado, em Pirenópolis-Goiás. Cerne, Lavras-MG, v. 13, p. 308-320, 2007.

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal - flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Diasease Reporter, United States, v. 48, p. 692,1964.

LACERDA, A. V.; BARBOSA, F. M.; BARBOSA, M. R. V. Estudo do componente arbustivo-arbóreo de matas ciliares na bacia do rio taperoá, semi-árido paraibano: uma perspectiva para a sustentabilidade dos recursos naturais. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro-RJ, v. 11, p. 331-340,2007.

MENDES, B. V.; CARDOSO, C. O. N. Algumas observações histopatológicas de raízes de ipê roxo parasitadas por Meloidogyne arenaria. Summa Phytopathologica, Jaboticabal-SP, v. 4, p. 49-54, 1978.

OLIVEIRA, C. M. G.; GOULART, A. M. C.; MONTEIRO, A. R.; FERRAZ, L. C. C. B. Suscetibilidade e danos causados em ipê-roxo por Meloidogyne javanica e M. arenaria. Nematologia Brasileira, Piracicaba-SP, v. 19, p. 89-92, 1995.

ONKENDI, E. M.; KARIUKI G. M.; MARAIS, M. MOLELEKI, L. N. The threat of root-knot nematodes (Meloidogyne spp.) in Africa: a review. Plant Pathology, Reino Unido, v. 63, p.727-737, 2014.

OOSTENBRINK, M. (1966) Major characteristics of the relation between nematodes and plants. Mededelingen van de Landbouwhogeschool, Wageningen-Holanda,v.66, n. 1, p. 46, 1966.

RINALDI, L. K.; NUNES, J. MONTECELLI, T. D. N. Efeito de texturas do solo sobre populações de Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita em soja. Cultivando o Saber, Paraná, v. 7, p. 83-101, 2014.

SILVA, G. S; SANTOS, J. M.; FERRAZ, S. Novo método de coloração de ootecas de Meloidogyne sp. In: Congresso Brasileiro de Nematologia, XII. Anais. Dourados, MS, 1988.

SILVA J. G. P.; FURLANETTO, C.; ALMEIDA, M. R. A.; ROCHA, D. B.; MATTOS, V. S.; CORREA, V. R.; CARNEIRO, R. M. D. G. (2013) Ocorrence of Meloidogyne spp. in Cerrado vegetations and reaction of native plants to Meloidogyne javanica. Journal of Phytopathology, Germany, v. 162, p. 449-455, 2013.

SOUZA, R. M.; DOLINSKI, C. M.; HUANG, S. P. Survey of Meloidogyne spp. in native cerrado of Distrito Federal, Brazil. Fitopatologia Brasileira, Brasília-DF, v. 19, p. 463-465, 1994.

TAYLOR, A. L.; SASSER, J. N. Biology, identification and control of root-knot nematodes (Meloigyne spp.). Raleight- North Caroline State University, 1978, 111 p.

Downloads

Publicado

01-06-2021

Como Citar

Pimentel, R. R., Anjos, R. L., Ferreira, A. A., Domiciano, G. P., Oliveira, R. C., & Furlanetto, C. (2021). Hospedabilidade de plantas do Bioma Cerrado a <i>Meloidogyne</i> spp. Ciência Florestal, 31(2), 705–724. https://doi.org/10.5902/1980509837118

Edição

Seção

Artigos