Avaliação da estrutura da paisagem visando à conservação da biodiversidade em paisagem urbanizada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509837683

Palavras-chave:

Métricas da paisagem, Conservação florestal, Floresta urbana

Resumo

Considerando que a expansão urbana e o aumento das atividades antrópicas geram perda e fragmentação dos hábitats naturais, ameaçando a biodiversidade, a conservação dos remanescentes florestais urbanos é de extrema importância para a persistência de espécies de fauna e flora nativas. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a estrutura da paisagem de área urbanizada no bioma Mata Atlântica, utilizando técnicas de geoprocessamento e fundamentos de Ecologia de Paisagem, visando a fornecer subsídios à conservação florestal na paisagem urbana. Um mapa de uso e cobertura foi utilizado para quantificar a cobertura florestal e para avaliar a estrutura da paisagem. As métricas de paisagem quantificaram área (AREA), forma (SHAPE) e proximidade (NEAR) dos remanescentes florestais, fornecendo indicadores da estrutura da paisagem. A cobertura florestal representa 22,9% da área de estudo, sendo apenas 3,6% dos fragmentos maiores que 50 ha. A grande maioria dos fragmentos (83%) tem área menor que 10 ha. Apenas três remanescentes são maiores que 500 ha, sendo que o maior deles localiza-se na Floresta Nacional de Ipanema. A maioria dos fragmentos florestais (80%) localiza-se em propriedades particulares. A paisagem foi diagnosticada como altamente antropizada e fragmentada, porém com remanescentes próximos entre si (NEAR < 50 m), potencializando a movimentação das espécies na matriz antrópica. Cenários de exclusão dos pequenos fragmentos demonstraram a fragilidade da matriz sem o apoio deles, pois os pequenos remanescentes contribuem para a conexão entre os maiores. O campo antrópico de vegetação pioneira é a segunda classe de uso de maior cobertura na área de estudo (20,4%), atrás somente da área urbanizada (25%). Ações para a manutenção da biodiversidade em paisagens antropizadas, como as da área de estudo, devem priorizar projetos de restauração de campos antrópicos, incentivos à conservação de remanescentes em propriedades particulares e a manutenção de pequenos fragmentos na paisagem, a fim de promover a conexão entre as grandes áreas florestais. Os planejamentos urbano e ambiental das cidades devem ser alinhados e baseados em estudos científicos sobre a espacialização da vegetação no ambiente urbano.

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Biografia do Autor

Marina Pannunzio Ribeiro, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, SP

Engenheira Civil, Pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis (PPGPUR), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rod. João Leme dos Santos, km 110, CEP 18052-780, Sorocaba (SP), Brasil.

Kaline de Mello, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Bióloga, Dra., Pesquisadora POSDOC no Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, Rua do Matão, 321, CEP 05508-900, São Paulo (SP), Brasil.

Roberta Averna Valente, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, SP

Engenheira Florestal, Dra., Professora Associada no Departamento de Ciências Ambientais, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rod. João Leme dos Santos, km 110, CEP 18052-780, Sorocaba (SP), Brasil. 

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Publicado

01-09-2020

Como Citar

Ribeiro, M. P., Mello, K. de, & Valente, R. A. (2020). Avaliação da estrutura da paisagem visando à conservação da biodiversidade em paisagem urbanizada. Ciência Florestal, 30(3), 819–834. https://doi.org/10.5902/1980509837683

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