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Entre Santos, Encantados e Orixás: uma jornada pela diversidade dos sítios naturais sagrados no Brasil

Erika Fernandes-Pinto, Marta de Azevedo Irving

Resumo


Nas últimas décadas, o reconhecimento dos múltiplos valores da natureza vem se ampliando nos debates internacionais sobre estratégias de conservação ambiental – incluindo aqueles considerados culturais. Nesse contexto, os denominados sítios naturais sagrados, reconhecidos em diversas partes do planeta, vêm ganhando visibilidade crescente como um tema-chave na perspectiva da reconexão entre sociedade e natureza. Em meio a um substancial conjunto de informações mundiais sobre o tema, chama atenção que sejam raras as referências a sítios brasileiros, país de grande riqueza biológica e cultural. Diante desse quadro, este artigo objetiva ilustrar a diversidade desses sítios no Brasil, suas principais características e implicações socioambientais, avaliando como essa temática vem sendo abordada nas pesquisas nacionais. A análise baseia-se em levantamento bibliográfico e documental, impulsionado por uma estratégia colaborativa de construção de conhecimento. Os resultados revelam que a recorrência da manifestação desse fenômeno nas diversas regiões do país, bem como a sua importância para muitos grupos sociais, contrastam com o seu incipiente reconhecimento nas políticas públicas. As informações sobre o tema estão, em sua maior parte, dispersas em referências não indexadas sobre estudos que permeiam várias áreas de conhecimento, em geral desconectados do debate internacional. A reflexão indica a necessidade de avançar no reconhecimento da interdependência entre cultura e natureza, a partir de investigações interdisciplinares pautadas em abordagens teóricas capazes de promover o diálogo entre conhecimento científico e sabedoria popular, desconstruindo essas dicotomias. Por fim, lança-se um convite à formação de alianças que contribuam com a missão de desvelar os encantos e os mistérios das dimensões sagradas da natureza na terra brasilis.

Palavras-chave


lugares sagrados; valores culturais e espirituais; pesquisa colaborativa; conservação da natureza; espiritualidade ecológica

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v46i0.57281